06/04/2009

Tarde de Sol

A tarde é de oiro rútilo: esbraseia.
O horizonte: um cacto purpurino.
E a vaga esbelta que palpita e ondeia,
Com uma frágil graça de menino,

Pousa o manto de arminho na areia

E lá vai, e lá segue o seu destino!
E o sol, nas casas brancas que incendeia,
Desenha mãos sangrentas de assassino!
Que linda tarde aberta sobre o mar!


Vai deitando do céu molhos de rosas
Que Apolo se entretém a desfolhar…
E, sobre mim, em gestos palpitantes,

As tuas mãos morenas, milagrosas,
São as asas do sol, agonizantes…

Florbela Espanca

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